sábado, 26 de março de 2011

O fim

Ela bate o portão. Ele vê tudo: seus ombros, suas costas, seus olhos de não. Acabou. É o tchau entalado na garganta e nada mais. Nada mais como tudo o mais que passou a nada ser. Fossem os segredos que nunca escaparam, fossem as coisas não ditas por medo. Tinha chegado ao fim. Isabel era assim; era o não, era o sim. A verdade é que ela era quase tudo ao mesmo tempo, e por isso não sobrava tempo para o resto que ela não era. Pedro, coitado, acabou se apaixonando por todas essas mulheres que eram uma só, ou por uma só mulher que conseguia ser tantas. Mas agora, ele estava ali, preso no chão como se raízes tivessem nascido, com os olhos marejados de lágrimas e um pedido sufocado. Ele queria dizer não para Isabel, queria pedir que ela não fosse. Mas Pedro não disse nada, e Isabel resolveu sozinha que tudo aquilo que valia a pena havia sido dito, e então exibiu seu orgulho como se fosse um troféu, e não deu sequer um beijo de adeus; deu foi as costas. Não se despediu de Pedro nem de nenhum dos momentos que eles tiveram juntos, como se quatro anos fossem mais ou menos uma semana de carnaval numa cidade de litoral em que você sequer se despede daquele romancezinho de verão ardente. Foi bom enquanto durou, mas foi só isso. E deu as costas para o tudo que eles foram, como se depois de tudo, não tivesse restado absolutamente nada. Para Isabel a vida recomeçava ali, no momento em que o portão bateu. Isabel tinha não somente muitas mulheres dentro de si, como o pior de todas elas. Ela tinha o orgulho, a desconfiança, o rancor, a impaciência. E Pedro havia se apaixonado também por tudo isso. E ele ficou ali, embalado por um amor que não o deixava ir embora, se perguntando com que cara encararia o mundo dali para frente e admirando como se pela a última vez a pele de pêssego das costas de Isabel.

O meio

A ficha deve ter demorado mais tempo do que deveria para cair. Seis meses tinham se passado, e Pedro ainda insistia naquele amor antigo. Nesse tempo em que Pedro sofreu noites e dias pelo amor que tinha chegado ao fim, Isabel já tinha comemorado o início e o fim de pelo menos mais uns dois namoros, e estava embalando o terceiro quando, numa manhã de sol, os dois se reencontraram na praia. Isabel pensou em fingir que não o tinha visto, mas depois lhe pareceu ruim demais agir dessa forma. E com uma cordialidade um tanto quanto forçada, cumprimentou seu antigo amor. Pedro não sabia se fora o sol ou sua presença, mas a pele de Isabel tornou-se um pouco mais rosada naquele instante em que eles, depois de tanto tempo, voltaram a trocar algumas palavras. A última frase que tinha escutado tinha sido um “por favor, não me procure”, e rever aquele sorriso, fez o dia parecer um pouco mais bonito, se é que aquilo era possível. Ambos acompanhados, Isabel de seu terceiro e mais novo namorado, e Pedro com uma prima distante e chata que tinha vindo passar uns dias no Rio, mas que para sua sorte Isabel não conhecia. Ficou parecendo que ele finalmente havia seguido em frente, e foi ali que Isabel sentiu. Sentiu a saudade, sentiu o ciúmes, sentiu os erros. Sentiu tudo aquilo que parecia ter deixado de sentir tempos atrás. Ele. Sempre tinha sido ele. Mas agora era tarde. Pedro que não era bobo nem nada, ficou quieto. Nada disse além de um oi, um quanto tempo, e como vão as coisas. Explicar que aquela era sua prima, e que ela era chata, e que ele nem queria estar ali, seria dar a Isabel o gosto que ela tanto parecia querer. Não fora o sorriso de Isabel que tinha feito o dia parecer mais bonito; perceber que ela tinha sentido alguma pontinha de remorso é que tinha feito Pedro ganhar o dia. E de repente lá estava o céu, tão azul.

As razões de Isabel

Isabel começou achando que tudo era uma questão de falar. Se ela não falava, Pedro não falava. Se Pedro não falava, ela ficava quieta. Comunicação é o caralho! Largou de mão, e apostou na vergonha. Ele fica com vergonha por isso não fala. Ela fica com vergonha e também não fala. Uma ova! Vergonha ficou na quarta série, quando os dois ainda nem se conheciam! Acabou se confortando com o medo, com os receios, afinal ela tinha uma porção deles, justificaria não falar. E Pedro? Pedro, antes de conhecer Isabel viveu um caso de novela: a menina que ele gostava casou, foi morar fora. Ele chorou por muito tempo, demorou uns três anos para esquecer, se é que esqueceu completamente. Mas conheceu Isabel com todos os seus medos e receios. Então resolveram ficar juntos. Resolveram nada! Não resolveram absolutamente nada, para dizer a verdade. Ficaram juntos por sei lá, uns quatro anos e não tinham nada para resolver. Quando as pessoas perguntavam se eles haviam se entendido, Isabel costumava responder que não tinha nada para entender. Eles não se desentendiam, logo, não havia motivo para entendimento algum. Estavam ali, deixaram acontecer. Deixaram rolar. Teve até todo aquele papo de Clarice Lispector sobre ficarem distraídos, mas têm coisas que chamam atenção, uma hora ou outra. E chamou atenção exatamente quando se questionaram sobre o que eram ou o que não eram. A verdade nua e crua: o que ela era? Isabel? Isabel era nada. Pedro era nada. Eles eram isso, ou isso algum. Dá pra ficar distraído numa hora dessas? Não, não dá! Clarice que me desculpe: gente que não repara é boba! E como Pedro uma vez sugeriu, Isabel resolveu deixar de ser. Deixou de ser boba, e de fazer o papel de otária. Ela até conseguia ser má com os homens, mas eles precisavam merecer. Antes ela achava que ele não merecia. Deu carinho, deu beijo, deu até a xereca. Mal da mulher é esse: dar a xereca. A xereca sempre deixa a mulher achando que a coisa ficou importante, afinal a xereca é importante. Balela! Não é importante para eles, ou até é, mas não como é para gente. Homem vê a xereca como um troféuzinho que dependendo da mulher vem com penteados diferentes. O penteado de Isabel era lá um moicano maravilhoso que uma vez disseram ter sido feito sob encomenda. O problema é que Isabel acabou dando sua xereca pro primeiro marmanjo de olhos verdes que cantou Marisa Monte ao pé do seu ouvido, e que colocou Sade como fundo musical pra hora H: Pedro. Na boa, é até meio brega. Mas o mal dos homens é saber dizer e fazer aquilo que nós, mulheres, queremos ouvir. Pronto. Isabel acabou dando. Acabou dando crente que sua xoxotinha seria tão importante para ele como para ela. Mas acho que o afeto de Isabel por sua amiga era um pouco maior porque a via de cima, não sei. Sei que Isabel descobriu que ela era para Pedro isso, só a xoxotinha, e nada mais. Nos anos anteriores, ela sequer se importou, estava com fogo, queria mesmo era dar. Tem gente que aguenta essa história de sexo depois do casamento, Isabel não. Sei que teve strip-tease e tudo. Não tão entendendo?! Ela queria dar! Mas não só a sua amiguinha, é claro. Com o passar do tempo, Pedro até era merecedor de carinho, afinal tinha cantarolado uma música fofinha. Decadência! Vontade é uma merda né? Mas foi, Isabel deu, mas ele só quis a xereca só. O resto não era tão necessário assim. O carinho, Isabel teve que guardar pra si. E foi quando ela percebeu exatamente o que era. Era conveniente, e como bem suas amigas lhe disseram, inconveniente também. Ela era apenas os beijinhos e a foda certa do final de semana. Não teria problema algum se ele fosse, para ela, a mesma coisa. Mas ele não era. Ela lembrou dos olhos verdes, de quando os viu pela primeira vez. Lembrou do quanto quis beijar aquela boca, e do quanto teve que se segurar para não deixar nada transparecer. Quando quis saber o nome do homem, acabou levantando suspeitas, pareceu interessada de mais. O tempo passou. Eis que beijou a tal boca, deu carinho, deu atenção e deu a xoxota. Foi o dar muito que a fez conveniente, e o querer de mais que a tornou inconveniente. Tá aí, Isabel resolveu sair de cena, bateu o portão sem nem olhar para trás. E decidiu que daria seu moicano feito sob encomenda para um cara que nem precisaria ter olhos verdes, bastava um pau um pouco maior. Porque isso sim é que é um inconveniente: pau pequeno! Ih, Pedro!

Pedro e as tequilas

Certo que eles nem bem um namoro tinham. Por isso nunca houve entendimento, nem acordo, nem decisão alguma. Pedro e Isabel se conheceram certo sábado a noite no Baixo Gávea, um amigo de um amigo de Pedro tinha namorado a melhor amiga da prima de Isabel. Eles ficaram. E daí em diante continuaram juntos, mas como nesses rolos malucos e abertos que não seguem nenhum tipo de regra de relacionamento. Vez ou outra saiam com os amigos que tinham em comum, ou como um casal de namorados que vai ao cinema numa tarde de domingo, mas não tocavam nessa palavra. Pedro nunca pediu para namorar Isabel, e Isabel, muito blasé, fingia que não ligava; porque, no início, de fato, não ligava mesmo. E os anos se passaram, e com o tempo, o número de idas ao cinema aos domingos foi aumentando, e o número de meninos que Isabel beijava que não eram Pedro foi diminuindo, tal como o número de meninas que não eram Isabel que Pedro beijava.

Acontece que Isabel não era nenhum tipo Frida Kahlo, onde o fim só chega quando você “tá tipo comendo a minha irmã”. E depois de toda a intimidade criada, todos os momentos vividos, Isabel não suportara a traição, que nem bem tinha sido com sua irmã, já que Isabel era filha única, tinha sido com sua prima. Foi então que a não-relação dos dois se abalou. Foi então que tudo aquilo que eram sem dizer, se fez importante de mais para passar despercebido. Pedro se justificou, culpou Jose Cuervo, culpou Herradura. Mas para Isabel não servia. Isabel não estava cobrando fidelidade, e sim, lealdade. Fosse uma menina de boate como tantas outras, fosse as de viagens com os amigos, não faria mal. Mas tinha sido sua prima, a que apresentara os dois, parte de sua família. Tudo tinha seu limite, até o não-relacionamento dos dois tinha suas regras, fossem apenas de conduta, de bom-senso. Pedro não havia respeitado a única regra que existira esse tempo todo entre os dois.

- Amor não tem a ver com fidelidade, Pedro. Não é esse o problema. Você não me foi leal!

- Ela não significou nada. Eu não quis, eu estava bêbado! Isabel, me escuta!

- Pedro, por favor, não me procura mais.

E então, ela bateu o portão sem nem ao menos olhar pra trás. Sendo todas as mulheres que sempre foi, e tendo um pouco de cada uma delas. E Pedro engoliu a vontade de pedir a Isabel que não fosse, e ficou parado olhando e achando que seria a última vez que veria aquela pele tão lisa e linda de suas costas. Mal sabia ele do dia da praia.

Zero a zero. Um a um

Foi só Pedro levantar para dar um mergulho que Isabel muito esperta perguntou à Luciana se ela morava ali por Ipanema mesmo. Uma coisa Isabel sempre soube ser, discreta. E como toda mulher que não se controla ao achar que está perdendo um jogo que conhece tão bem, ela fez cara de simpática, controlando o diabinho que parecia berrar no seu ombro para que ela voasse no pescoço da sujeita que precisava urgentemente retocar as raízes, e perguntou com seu tom de voz mais amigável onde Luciana morava. Não bastava a garota ser uma ofensa a toda e qualquer mulher que entende e respeita uma coisa chamada tintura, Luciana morava era bem longe, em Goiânia, dava para ter imaginado pelo sotaque. Isabel teve que disfarçar a surpresa, mas acabou desafinando quando quis saber como e quando os dois haviam se conhecido. E a voz esganiçada, de repente pareceu aveludada de mais, feliz de mais; ganhou o jogo quando soube que eles não eram namorados, e sim, primos. Mas afinal, por que ela podia estar em seu terceiro namoro e Pedro mal podia ter começado algum? A ficha caiu, e quando reparou tinha se esquivado do beijo de Gustavo, seu terceiro e mais novo namorado (e mais recente decepção). Ela não o amava. Ela amava aquele menino que andava meio desengonçado que tinha acabado de tomar um caixote: ainda amava Pedro. Quando deu por si, ria como costumava rir nos tempos em que estiveram juntos. Que saudades, até mesmo dos maiores e menores inconvenientes. Como fora feliz. Mas então por que ele jogara tudo fora? Por que desperdiçara tudo aquilo que haviam tido e construído por tanto tempo?

Pedro volta e senta, e ri como se tivesse apenas perdido o equilíbrio, e não tomado um belíssimo estabaco. Os olhares sem querer se cruzam, ela parece vitoriosa. E ele fica se questionando do porquê. Isabel então se lembra da mágoa que não curou em seis meses; dói o peito, os olhos ardem como se precisassem de lágrimas. Ela se levanta, olha Pedro como no dia do portão e diz, minha prima deve sentir de você a saudade que eu não sinto. Traga mais vezes sua prima ao Rio, certamente ela vai se apaixonar por tudo isso aqui. E sai, derrotada, deixando tudo aquilo que importava e não importava mais para trás, Pedro e Gustavo. Quando sentou no ônibus se deu conta de que era respectivamente. O terceiro namoro tinha também chegado ao fim.

A fuga e a cura de Isabel

O dia clareia. É a primeira manhã do inverno que se anuncia tão cheio de sol. Não fazia frio, mas Isabel se embrulhou embaixo das cobertas e ajeitou uma das meias que ameaçava sair de seu pé. Sempre era assim quando dormia de meias; boa parte das vezes levantava com um dos pés gelados. O telefone ao longe tocava, ela franziu a testa e fingiu para quem estava do outro lado da linha que ainda estava dormindo e que era surda. Não levantou. O telefone parou de tocar. Ela ainda abriu um pouco os olhos e olhou para o relógio, pedindo mentalmente que ainda fosse bem cedo só para que ela pudesse continuar na cama e dormir por mais algumas horas. O telefone voltou a tocar. Isabel resmungou alguns palavrões bem pesados para uma primeira manhã de inverno. Não era tão cedo assim, ela sabia que teria de levantar. Mas não seria para atender o inconveniente que resolvera telefonar para sua casa e acordá-la. Decidiu que se daria mais cinco minutinhos. Mas nem dois minutos passaram até o telefone tocar novamente. Ok, ok. Desistiu e levantou. Quem seria o maldito ser humano que estava lhe telefonando? Ela tinha afinal tirado férias da vida, férias do mundo. Faziam já uns quatro dias que não saia de casa. Quatro dias que só levantava da cama para comer e fazer xixi. O banho tinha sido abolido no segundo dia de confinamento. Isabel estava entrando em depressão. Mas não deixava ninguém chegar perto de mais para saber de seus problemas, muito menos de suas tristezas. Depois do dia do ônibus, ela e Gustavo ainda voltaram a conversar. Decidiram que melhor seria terminar mesmo. Isabel ficou bem, tão bem que na semana seguinte já havia iniciado mais um de seus romances, com direito a tardes de filme e noites de amor. O nome dele era Paulo, vinte e sete anos, formado em Medicina e solteiro. Um peixão, disseram suas amigas. Isabel até se convenceu de que dessa vez havia tirado a sorte grande. Sim, sim. Sorte! Sorte, já que ela se achava sempre a mais azarada para todo e qualquer tipo de relacionamento amoroso. E Paulo se mostrou um homem perfeito, daqueles que parecem existir apenas em filmes.

Acontece que homens de filme só existem em filme mesmo. Amores de filme só acontecem na tela do cinema. Para se ter um amor e um homem desses em casa é realmente questão de sorte. Sorte de que o filme não tenha sido alugado e esteja disponível na locadora, porque, de verdade, não existe! Vai ver por isso Isabel estava deprimindo. Paulo não era lá um peixão, ou até era, só que um bacalhau: você nunca sabe de onde veio, e quando se dá conta, percebe o quanto fede. Eu poderia até dizer que só comemos uma vez ao ano, mas Isabel era uma mulher insaciável, e Paulo era um bom amante com um pau muito maior que o do Pedro, seu ex. Mas Paulo era aquilo tudo que Isabel precisava e tudo o que não precisava também. Ela já estava cansada dos homens galinhas, dos carinhas superficiais que apareciam e sumiam de sua vida. Isabel queria um amor. Não precisava viver nenhum desses roteiros de cinema, bastava alguém que a amasse para valer. E ela acreditou tanto que poderia ser Paulo, que quando se deu conta já estava sofrendo de novo. Não sabia se era praga de viúva ou uruca de mulher mal amada, mas mais uma vez ela estava sendo traída. Pedro se envolvera com sua prima; Paulo, com uma de suas melhores amigas e mais uma porção de outras mulheres. Isabel parecia sacaneada quando o assunto era relacionamentos amorosos. Não parecia ter sido feita para isso.

Até chegar ao telefone que tocava tão desesperada e insistentemente, ele já parara de tocar. Ficou furiosa, tinha levantado a toa. Aproveitou então que já estava de pé e se serviu de um pouco de suco. Em seguida, quando já se dirigia de volta para o quarto, mentalizando todas as suas próximas horas de sono, o telefone voltou a tocar. Quanta insistência, pensou. Só ela que parecia ocupada demais fazendo nada? Quem era o ser que tirara a tarde para lhe encher a paciência? Não bastava todo o seu cansaço de mundo? Todo o cansaço que estava sentindo da vida? Cansara de viver e de acreditar em amores, queria um pouco de paz e sossego. Queria ficar com aquela pessoa que não julgava insuportável, com aquela que nunca a magoara antes: ela mesma. E nem quando queria apenas sua própria companhia conseguia isso sem que alguém interrompesse, sem que alguém metesse o bedelho e lhe arrancasse sua felicidade. Era sempre assim, sempre vinha uma mulher que parecia ser melhor que ela e lhe tirava aquilo que mais bem estava lhe fazendo, a crença no amor sempre era morta por mais uma ou outra mulher que conseguia tudo o que ela tanto demorara a conquistar. Quem seria dessa vez?

- Oi. Achei que não tivesse gente em casa. Mas como me falaram que você estava por aí, imaginei que pudesse apenas estar dormindo. Como você está? Tenho estado preocupado com você. Tenho sentido sua falta.

- Estou bem.

- Será que você poderia abrir a porta para mim? É que eu estou aqui embaixo, e…
(Tu, tu, tu.)

Voltara correndo para debaixo das cobertas, com lágrimas nos olhos e com medo do mundo. No telefone, Pedro. Ela preferia não acreditar nas histórias de amor, do que se permitir reviver tudo aquilo. Pouco depois, caiu no sono. Dormiu antes que pudesse escutar o barulho do motor do carro do Pedro ligando, ou de vê-lo indo embora. Tinha se curado da sua depressão. Depois de tanto tempo, finalmente estava se sentido protegida. Era uma bela manhã de sol de inverno. E que bela manhã.

Aquilo que se calou

- Sempre quis saber o porquê. Não, espera! Não quis dizer isso; eu sabia o porquê, mas nunca entendi como tudo o que nós tivemos foi resumido apenas a um “não me procure mais”. Poxa, você bateu o portão e foi embora. A gente nunca teve oportunidade de conversar sobre o que aconteceu. Você nunca me disse o que sentia, nem o que não sentia mais.

- Você realmente acha que restou alguma coisa para ser dita? Depois de tudo, depois da maneira como acabou. Como você poderia esperar de mim algo além da atitude que eu tive, Pedro?

- Foram quatro anos, Bel. Não quatro semanas.

- Quatro anos que você jogou no lixo. Quatro anos que você simplesmente esqueceu que existiram quando ficou com ela. E logo com ela.

- Eu sei que errei, mas custava você ter dito alguma coisa além de “me esquece”?

- Sim, custava. Me custaria muito dizer qualquer coisa diferente disso.

- Muito? Muito quanto?

- Me custaria a única coisa que me restara, Peu. Me custaria meu orgulho, meu amor-próprio. Seria dar pra você tudo aquilo que eu queria que ficasse comigo. Tudo o que eu precisava que não fosse destruído para que eu pudesse continuar andando. Eu precisava continuar me amando.

- E não dava para me amar também?

- Você me amava quando me traiu?

- Não responde minhas perguntas com mais perguntas. Por favor, responde, Bel.

- Dava. Tanto dava que ainda te amava. Mas precisava me por em primeiro lugar. E agora? Já pode responder a minha pergunta?

- Você vai me odiar quando eu disser, mas sim. Claro que te amava quando fiz o que fiz. Pode parecer loucura, estupidez, mas sempre fui louco por você, você sabe disso. Fiz o que fiz porque fui um idiota, ou talvez porque sou. Mas te amei antes, durante, e até muito mais depois. Pra dizer a verdade, só me dei conta do quanto te amava quando te perdi. Como todas essas pessoas burras que existem por aí que só dão valor ao que têm quando perdem.

- …

- E eu me arrependo tanto das coisas que fiz quando estávamos juntos. Quando vejo que não te tenho mais ao meu lado, fico voltando no passado querendo consertar todos os momentos que eu não aproveitei, querendo apagar, ou mesmo substituir cada minuto de briga, ou discussão. Lembrei outro dia da primeira vez que fizemos amor. Lembrei que me assustei quando vi que você estava chorando. Achei que tinha te machucado, que você estava infeliz, e você me abriu um sorriso e disse que me amava. Lembrando dos seus ‘te amo’ e do seu sorriso me doeu o coração por todos esses milhões de minutos que eu teimava em brigar com você por tão pouco. Eu queria ter sido menos intolerante, menos grosseiro. Você sempre foi tão doce comigo. Com sua voz baixa, me dizendo que estava triste e que eu não precisava falar as coisas da maneira que eu falava. Mas sabe, eu sempre fui um estúpido mesmo. Não ouvia. Achava que precisava me autoafirmar o tempo todo, nessa de quem é aquilo que é e que jamais vai mudar. Eu podia ter mudado, podia ter melhorado. Não ter agido da maneira que agi tantas vezes; assim, não teria magoado você, não teria perdido você, nem o seu sorriso nem o seu amor. Eu fico aqui perguntando à você quanto custava ter me tratado um pouco melhor e na realidade, essa pergunta deveria ser feita pra mim.

- Realmente, quem você pensa que é para exigir algo de mim? Eu exigia tão pouco de você…

- Vai ver foi aí que você errou. Você deveria ter exigido mais.

- Eu? De forma alguma! Consideração e respeito não são coisas que se pedem.

- Mas se exigem, Bel.

- Pedro, “sua cabeça, sua sentença”. Você, hoje, para e pensa, e vê o quanto errou. Não sou sua mãe para ficar cobrando que você me trate assim ou assado. Eu até falava. Quer dizer, eu até falei. Falei poucas vezes quando uma atitude sua me incomodava, quando não gostava do seu tom. Mas você reclamava, me chamava de chata. Minha intenção nunca era a de ser chata, era apenas de te falar o que eu não gostava, o que me magoava, o que eu sentia. Porque, muitas vezes, sem perceber você me magoou. Mas quando eu ousava falar, lá estava eu querendo discutir relação. Discutir a relação que nunca afirmamos ter, a relação que não sei nem bem como poderia ser discutida.

- Eu sei, mas…

- Não, você não sabe. Você nunca soube. Você parecia nunca querer encarar o que tínhamos ou não tínhamos. Então sempre ficamos nessa, adiávamos toda e qualquer discussão que podia acontecer, numa de não brigarmos nunca, mas sabe, isso foi afastando a gente. Fingir que não tinha nada, não fazia as coisas deixarem de existir. E nas pouquíssimas vezes que sentamos para conversar era isso: você cheio de deboches, de grosserias e impaciência. Você não gostava que eu te chamasse de intolerante, mas seu tom sempre foi de intolerância ao falar comigo sobre certas coisas. Nunca consegui enxergar qual era a necessidade que você tinha de falar comigo usando o tom que usava, muito menos sua indiferença em relação ao que eu sentia. Por que que tudo sempre era bobeira, besteira? Tudo o que eu julgava importante era somente isso: irrelevante. Eu é que pensava de mais, que sentia de mais, que falava de mais. No dia então que eu pensei menos, senti menos e falei menos, você se deu conta. Só não se deu conta durante todo o tempo em que eu fui deixando de pensar, de sentir, de falar. Porque não foi só o fato de você ter ficado com o Paulinha que acabou com os nossos anos juntos, nós fomos acabando conforme eu fui me afastando; e você sempre tão preocupado em não falar de nada ou em reclamar de todas as bobeiras que eram tão importantes para mim, não reparou quando eu me afastei de você. Quando se tocou, eu tinha fechado o portão e pedido à você para me esquecer. Quando eu pedi para você esquecer foi que você resolveu lembrar de tudo? Aí já era tarde. Muito tarde.

- Você dava valor de mais a coisas tão pequenas.

- Pequenas para você, Pedro. Não para mim. Para mim, poderiam ser as coisas mais importantes do mundo. Lembra daquela frase que uma vez eu te disse? “Amar não é olhar um para o outro. É olhar juntos na mesma direção”. É, e sempre foi exatamente isso. Você achava que bastava me enxergar, quando, na verdade, você precisaria me entender também. Olhar comigo e entender a importância que eu dava às coisas que para você eram realmente minúsculas, mas que recebiam minha atenção. De repente, assim, não teríamos chegado onde chegamos. Onde estamos.

- Me desculpa?

- Desculpo. Claro que desculpo. Mas sabe, é tarde de mais, Pedro. Tarde de mais.

Elis e um pedido

Isabel acabara aceitando o convite de Pedro. Um teatro e um chopp não era bem o tipo de programa que somente namorados podiam fazer. Resolveram que sairiam como amigos, e nada mais. Nada mais até que o frio do teatro os fizesse chegar mais perto um do outro. Nada mais até a mão de Pedro envolver sua cintura naquela hora em que todos levantam para ir embora. Nada mais até que as mãos fossem dadas enquanto os pés sentiam a areia gelada da praia e aproveitavam o passeio a noite para olhar as estrelas. Andaram até aquele velho quiosque que costumavam ir. Iam sempre beber e cantar e se amar na areia da praia, como se novela ou filme fosse o namoro dos dois; aquele romance tão antigo e que mesmo depois de tantos desencontros parecia intacto na memória. Pedro escolheu a mesma música que escolhera na primeira vez que foram lá. E cantou sorrindo como havia feito naquela ocasião; fosse pelo efeito da cerveja ou da vergonha, não se sabe. Isabel dava gargalhadas e goladas de cerveja enquanto olhava para Pedro, como se aquela fosse, de fato, a primeira vez que os dois estavam ali. O olhava como se nunca tivesse acontecido nada: nem outros homens nem outras mulheres nem nenhuma das muitas brigas que tiveram. Sempre fora ele, ela sabia. Sabia mais do que ninguém. E por isso então sorrira como da primeira vez. Nada havia mudado. Nada.
Então escolheu uma música boba que falava de amor. Lembrou de um dos filmes que sempre assistia que contava um romance lindo em que no final tudo dava certo, onde a protagonista subia no palco e se declarava. Pedro merecia. Mesmo depois de tudo pelo que tinham passado; aquele sorriso nunca mudara, aquele amor nunca diminuira. E foi meio desafinada e bêbada que ela cantou o amor que nunca diminuiu, o amor que ela havia guardado para ele durante tanto tempo sem nem mesmo saber. Era essa a música. A música em que só ela sabia quanto amor havia guardado mesmo sem saber que era só pra ele. Tom Jobim parecia ter composto o amor deles, e Elis Regina cantara a versão dos dois. Mas dessa vez não era Elis, era Isabel; Isabel e alguns chopps e alguns tons mais alto ou por vezes mais baixo do que deveriam ser.

- Se ao menos pudesse saber…

Pedro roubou o microfone e olhando-a nos olhos como há tempos não fazia disse:

- …que eu sempre fui só de você. Você sempre foi só de mim.

Isabel sorriu.

Acordaram na manhã seguinte juntos. Pedro beijando suas costas. Ele sentira saudade daquela pele. 

- Bom dia, ela sussurrou.
- Isabel, você quer casar comigo?

Último episódio de nós dois

"De qualquer forma, poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida – reconheceu, compenetrada. (…) Mesmo que depois venha o tempo do sal, não do mel."
Isabel ficou em silêncio mais tempo do que Pedro havia esperado. Queria mesmo que a resposta tivesse vindo de sopetão, quase como se pulasse garganta a fora. Queria ouvir um sim. Esperava que fosse ouvir um sim. Lá estava então um dos muitos defeitos: a expectativa. Fosse também ele um defeito de Isabel, jamais a teria afetado tanto quanto o tinha afetado. Ele a pedira em casamento, ora bolas. E depois de todas as coisas ditas naquela tarde de quem mata a saudade, naquela noite de amor em que se sente a respiração ofegando próximo ao ouvido gemendo e dizendo que, no mundo, não havia nada nem ninguém como ele, Pedro esperou. Acabou crendo por alguns segundos numa Isabel olhando-o apaixonada e dizendo sim por mais de duas vezes seguidas com mais emoção e vontade do que em um orgasmo.

Isabel secou as muitas lágrimas que escorriam na face de Pedro quando ele a pedira em casamento, e calou. Nem um pio, nem um suspiro. Abriu a boca como quem fosse dizer algo e a fechou antes mesmo que alguma palavra escapasse. Pedro não se deu por vencido. Declamou seu amor acompanhado de lágrimas e mais lágrimas de quem nunca chorava na frente de alguém. E falou de sentimento como jamais havia dito antes, nem uma vez sequer nos muitos meses de muitos anos que estiveram juntos. Pedro, depois que sofrera com a partida de um amor antigo, prometera a si mesmo jamais falar de amor para uma outra mulher. E manteve sua promessa nos seus quatro anos ao lado de Isabel. Promessa quebrada naquele momento.

- Eu quero você por mais quatro, dez, vinte, cinquenta anos. E não apenas porque pareço não saber viver longe de você, mas porque não quero ninguém mais nesse mundo que não tenha o cheiro da sua pele ou o seu bafinho de de manhã cedo. Entenda que não há ninguém que eu queira que não seja você. Eu quero você para mim, e quero ser seu. Seu como sempre fui, como tenho sido desde o momento que nos conhecemos. Lembra daquela nossa viagem em que eu te disse nunca ter amado alguém antes? Sobre como eu tinha certeza que tinha sim me apaixonado muitas e muitas vezes, mas nunca amado alguém antes? Isabel, toda vez que olho nos seus olhos, toda vez que sinto sua boca, seu cheiro, ouço sua voz ou divido coisa qualquer boba ou importante do meu dia a dia, penso que você pode ser meu primeiro amor. Nesse tempo em que estivemos separados pensei muito nisso, sobre como acho que você é a mulher da minha vida. Eu sinto isso. E sinto isso tão forte aqui dentro que não quero perdê-la, deixá-la ir. Te quero para mim. Quero te fazer sorrir, quero filhos e casa e vida ao lado seu. Eu te amo. Muito.

Isabel pareceu esboçar algum sorriso de quem escuta uma música doce de manhã cedo. Os olhos pareciam marejados de lágrimas, mas não que tenha feito muita diferença. Não ousou responder o pedido de Pedro.

- Eu também te amo.

Foi a facada no peito, a resposta incerta e no fim, uma dúvida cruel. Aquela não era bem a resposta esperada. Na verdade, parecia não responder mesmo absolutamente nada e deixava sim um bocado de dúvidas. No carro, quando fora deixar Isabel em casa o papo pareceu mudar de rumo. Falaram sobre as coisas que sempre falavam, riram como sempre riam juntos. Mas ela parecia uma interrogação, nada além disso.

Com o carro estacionado na frente do prédio, Pedro voltou no assunto. Falou mais uma vez sobre o amor dos dois, sobre o que queria: ela. Queria que cada um cuidasse do outro, do amor do outro. Porque nunca fizeram muito bem isso durante os quatro anos que estiveram juntos.

- Vamos ficar distraídos. Como a gente costumava ser, como quando éramos felizes.

- Bel, eu quero mesmo a dança dos erros. Porque quero acertar contigo até mesmo os passos errados. Quero a certeza de que você quer ficar comigo. Não que para isso tenhamos que casar. Não, de forma alguma. E me desculpa se por causa disso te assustei. Mas mesmo que você não quisesse casar, falasse do nosso amor, do amor do nosso namoro sem nome que eu tanto quero que tenha nome. Eu não quero mais fingir que não vejo. Porque nunca estive distraído de fato. Como não perceber você. Quero perceber você e todas as suas qualidades e seus defeitos que tanto odeio e amo. Quero amar e por isso então me distrair. E não o contrário; estar distraído e então amar. Quero ver tudo o que há para ser visto e odiar e amar cada erro meu, cada erro seu. Quero amar quando os pés estiverem no lugar das mãos e te admirar. Mas com a certeza de que somos, de que sempre fomos.

- Mas eu nunca deixei de ser sua, mesmo durante todo esse tempo. Mesmo durante todas as outras coisas. Mas respeito que você agora tenha a sua vida, e não cobro que você diga que é meu, ou que então eu sou sua. Se você diz que é, então acredito que seja e nada mais. Eu não quero fazer as cobranças que fazia antigamente. Como sempre quis que dissesse que éramos quando já éramos, ou mesmo quando não éramos nada.

- Entendi – uma lágrima lhe escorre a face.

- Entendeu o quê?

- Você mudou.

- Como assim eu mudei? Quando?

- Quando deixou de ser aquilo que era. Até mesmo quando deixou de fazer questão de todas essas coisas que hoje eu resolvi dar importância. E só dei importância porque quis que você soubesse o quanto eu a amo, o quanto sempre a amei. Antes eu nunca tivesse dito absolutamente nada do que eu disse. De repente, não estaria doendo como dói agora. Mas mesmo querendo muito a sensação de me arrepender de ter dito tudo o que eu disse, prefiro mesmo que você saiba. Um dia talvez você entenda o quanto a sua distração me dói, o quanto esse seu silêncio me rasga. O quanto machuca ver que se estragamos o que poderíamos ser, não foi por causa das nossas muitas brigas ou diferenças, foi porque desistimos de ser aquilo que sempre fomos não querendo estragar o que já tinhamos sido sem erro algum. Bel, eu não sei ficar distraído ao seu lado. E se isso vai te fazer feliz então seja. Mas não vai ser comigo.

E como ela já estava do lado de fora do carro, ele bateu a porta que ela tinha deixado aberta e foi embora. Não era portão dessa vez, mas essa seria sim a última vez que ele dormiria chorando por ela. Foi cada um para o seu lado, não como pareciam querer, mas de repente como tinha de ser.

Antes de deitar na cama, Isabel lhe mandou uma mensagem. “Boa noite… Te amo muito, beijos”. A noite não seria boa, e não havia mais te amo algum que o fizesse mudar de ideia. Quem ama não se distrai. Quem ama cuida. “Durma bem”. Seria sim a última mensagem que ele mandaria. Que ela então fosse feliz.

"Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, doi demaais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar."
"No fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem."

sábado, 19 de março de 2011

“Porque, pra viver de verdade, a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.”

sexta-feira, 18 de março de 2011

"Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o bom que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, tô despreocupado, com a vida eu tô de bem."

quinta-feira, 17 de março de 2011

Amar talvez seja isso... Descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz.


" Dos relacionamentos que vc já teve, quais foram as ocasiões em que verdadeiramente vc foi modificado para melhor?
Será que vc é a lembrança doida na vida de alguém? Será que vc já construiu cativeiros? Ou será que já viveu em algum?
Será que já idealizou demais as situações, as pessoas e por isso perdeu a oportunidade de encontrar situações e as pessoas certas?
Sejam quais forem as respostas, não tenha medo delas. Perguntar-se é uma maneira interessante de se descobrir como pessoa, pois as perguntas são pontes que nos favorecem travessias."

terça-feira, 15 de março de 2011

“Quando o assunto é vida amorosa, não existe escolha. Quando a gente vê, está lá. Sentada na cadeira, sem cinto de segurança pronta para um loaping. Frio na barriga, Embrulho no estômago. Vontade de sumir. Ai, para o mundo que eu quero descer!”
“Basta me segurar pela nuca e eu me derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.”
“Uma paixão aqui, um quase-amor ali. Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas.E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo, vodka e dias incríveis.”

segunda-feira, 14 de março de 2011

" Dói, um pouco.  Não mais uma ferida recente, apenas um pequeno espinho de rosa, coisa assim... Espinho que você tenta arrancar da palma da (minha) mão com a ponta de uma agulha. Mas, se você não conseguir extirpá-lo, o pequeno espinho pode deixar de ser uma pequena dor para transformar-se numa grande chaga."

quarta-feira, 9 de março de 2011

"Existem três tipos de pessoas: as que deixam acontecer, as que fazem acontecer e as que perguntam o que aconteceu."

sexta-feira, 4 de março de 2011

“Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!”

quinta-feira, 3 de março de 2011



"...Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem.
Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores..."

"A gente precisa é de fé. E de pessoas. Porque eu me sinto meio vazia de pessoas, pessoas dessas que fazem festa na gente, que fazem a alma bater palmas. Pessoas que entendam esse meu jeito de não fazer muito alarde, de chegar sem espantar as borboletas. Eu tenho uma joaninha no dedo indicador e essa sensibilidade ardendo nos ombros desde muito tempo..."
" Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… e continuo indo. "