quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Clarice Lispector



Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho… o de mais nada fazer.”

Talismã sem Par



Oi,
Eu só queria te dizer foi tão bom te conhecer
E eu não sei como explicar
É como se eu pudesse ver
O que há dentro de você veio pra me completar
Já no início dá pra ver que eu preciso de você como ar pra respirar
Se um do outro se perder
Tudo fica sem porque
Como um talismã sem par
Quando vem de lá do coração
A gente percebe na respiração
Toma posse, invade que eu te dou o meu calor
Eu nasci pra ser e sou o seu amor
Já no início dá pra ver que eu preciso de você como ar pra respirar
Se um do outro se perder
Tudo fica sem porque
Como um talismã sem par
Quando vem de lá do coração
A gente percebe na respiração
Toma posse, invade que eu te dou o meu calor
Eu nasci pra ser e sou o seu amor.

domingo, 26 de setembro de 2010

Caio F. Abreu



“Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço.”

Mariane Micheletto

"Eu sei que quando a gente se encontrar, vai ser pra valer. Vai ter aquela troca de olhares, aquela timidez inerente, a gente vai se saber um do outro, mesmo que num futuro. Eu sei que vai ser bonito, sabe? Como é pra todo mundo. Que vai ter familia no meio, defeitos aparentes, que vai ter foto do lado da minha cama, sei que vai ter nome na agenda do celular com caretinha, sei que vai ter toque especial pra você. Sei que você vai ser meu motivo pra acordar sorrindo. Sei que, quando estivermos juntos, qualquer problema com você vai ser pra mim que você vai ligar, porque eu que vou te entender, mesmo sem falar nada. Eu não vou julgar, seja lá o que for. Sei que se houver mágoa, a gente vai conversar, ou então a gente vai se odiar, mas tudo que já tiver passado vai ficar. Sei também que vai fazer meu coração bater mais forte, tenho certeza disso. Que eu vou poder reclamar da minha dor no braço e daí você vai brigar comigo, porque eu não cuido direito. E que você vai me perguntar quem são todos os meus amigos. Mas não louco de ciúmes, porque você se interessa pela minha vida e sabe que estando perto deles, você está cada vez mais perto de mim. Sei que não vai ser mil maravilhas, mas eu nem quero que seja, porque pra que vamos lutar um pelo outro? Pra que conquistar, pra que corrigir, pra que perdoar? Também vamos nos descobrir, em algumas tardes, muito iguais em algumas coisas e completamente diferente noutras. Vou querer saber porque seus amigos agem assim com as mulheres, pra que isso? Sei que você vai gostar de ir festar comigo, mas vai gostar de ver meus filmes também, me ouvir falando dos meus livros. Também acho que vai te dar um momento ali que você vai querer fazer o que você quer, e eu vou brigar, mas vai ser pouco, só pra fazer charme. No fim das contas eu vou com você, pra onde você for. Sei que vamos ter música interna, risadas. Que vamos dar inveja. Fazer confusão. Sei, aliás, tenho a mais absoluta certeza disso tudo, que a gente vai se encontrar. Tenho certeza que você existe em algum lugar... mas dá pra aparecer logo?"

* ...a gente vai se encontrar. Tenho certeza que você existe em algum lugar...



sábado, 18 de setembro de 2010

Caio F. Abreu



"A gente sempre acha que é especial na vida de alguém,
mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não."

Despedida do Amor


Existem duas dores de amor: A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel. A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também… Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida… Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar. É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’ propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”. Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente… E só então a gente poderá amar, de novo. ( Martha Medeiros)

A gente tem mesmo mania de ver gato preto onde não tem.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Caio F. Abreu

“Andei pensando coisas, o que é raro, dirão os irônicos. Ou “o que foi?” - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo, há então uma morte anormal. O nunca mais de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter nunca mais quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo. Mas não tem, não se terá, quando o fim do amor é: Never.”